Os quase três milhões de estudantes que fizeram a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem ) este ano tiveram, na parte objetiva, média de 36,90, a pior desde 2002 e 10 pontos inferior a 2003. Em nenhum dos Estados a média de acertos passou de 40%. Em redação, o resultado, como é recorrente, foi melhor que na prova objetiva, mas também caiu em relação a 2005 e só é maior que em 2004, quando a média foi, pela primeira vez, inferior a 50 pontos.
O Ministério da Educação (MEC) afirma que não é possível comparar um ano do Enem com o anterior, já que a prova é voluntária e a amostra termina por ser diferente. Mas, com três milhões de pessoas candidatos a uma vaga no ensino superior, é possível se dizer que esses estudantes sabem menos do que deveriam depois de terminar a escola básica.
Mais significativo, os alunos chamados de egressos - que terminaram o ensino médio há mais tempo - tiveram resultados melhores do que estudantes concluintes, que ainda têm frescas na cabeça as matérias ensinadas na escola. "Pode ser que esses egressos já tenham feito algum curso, entrado na faculdade", diz Reynaldo Fernandes, presidente do Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas em Educação (Inep).
"O que acontece é que se perdeu o foco na educação básica e na aprendizagem dos alunos", diz o deputado Paulo Renato Souza (PSDB), ex-ministro da Educação. "O conjunto de resultados mostra uma deterioração, um retrocesso no ensino que é preocupante".
Prestei o Enem pela primeira vez em 2002 (o ano que, segundo a notícia, era o pior ano), no meu terceiro ano de magistério. Lembro que não tive uma nota muito alta, mas foi uma consideravelmente boa (longe, claro, das minhas amigas que estudavam bem mais do que eu). Lembro, também, que foi o último do governo FHC e que aquele tinha sido o Enem mais ferrado, segundo quem prestou até aquele ano. Prestei também no ano seguinte, 2003, o meu último ano de magistério, já no governo Lula e vi como a prova foi diferenciada. A nota de tudo mundo (ou quase todos) havia subido, mas em contrapartida o que havia caído na prova era muito mais simples do que caía anteriomente. Sabem como é, precisamos mostrar no estranegiro que temos uma educação de qualidade e que o "companheiro" é bom no que faz.
Depois disso não prestei mais o Enem, pois fui correr atrás de faculdade, mas ele me foi muito útil. Entrei em 2005 na faculdade graças ao Prouni. Mas vi, de longe, a mudança que esta bolsa causou no Exame. Em 2005, a quantidade de pessoas que prestaram e Exame foi muito grande. Tanto é que atrasou em um mês a aplicação do mesmo. Muitos colegas meus da faculdade prestaram e disseram que estava muito complicado, mas isso não influenciou em muito na média. Mas nada se compara a esta notícia. Isso é sinal de nossa educação está muito aquém do esperado. Se não me engano, já formamos 3 turmas que estudaram no regime da "promoção automática" (sim, porque progressão continuada é outra história, que tem direito de reprovar o aluno). O que podemos cobrar de um adolescente que mal escreve o nome? O que podemos cobrar de um jovem que ainda pergunta se casa é com S ou Z? O que cobrar de um país que não investe na educação como deveria? Se o sistema público desse conta do recado (em todos os sentidos), não teria uma escola particular em cada esquina. Eu ainda acredito na escola pública (tanto é que estou meio ausente porque estou sendo empossada em uma), pois vim dela. Mas acho que o país só vai para a frente quando investir muito na educação, pois os grandes países só consgeuiram se levantar após a Segunda Guerra por causa dela. Valorizar o profissional, melhorar os recursos, investir mesmo, planejar estrategicamente o que será feito já é um grande começo.
Publicado em: http://www2.opopular.com.br/ultimas/noticia.php?cod=291992
Há 9 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário